O alto-falante inteligente finalmente tem um app incrível para negócios
Google traz ao Brasil o alto-falante inteligente Nest Audio, por R$ 849
O Google anunciou nesta terça-feira, 6, a chegada de uma nova caixa de som inteligente da empresa ao país. Evolução do Nest Mini, que foi lançado por aqui em 2019, o Nest Audio é maior e traz mais robustez no som, o que se reflete também em seu preço: o alto-falante, que conta com a inteligência do Google Assistente integrada sai ao custo de R$ 849.
Anunciado em setembro nos Estados Unidos, o produto aposta na fidelidade de áudio e reprodução de qualidade para conquistar clientes. O preço do aparelho no Brasil é maior, comparativamente, do que o lançamento nos EUA, de 99 dólares. A alta do dólar e os custos de importação no Brasil encareceram a vinda do Nest Audio.
O lançamento no Brasil inclui ainda 3 meses gratuitos de YouTube Premium e acesso ao serviço de música da plataforma. O aparelho é maior do que o Nest anterior, pesando pouco mais de um quilo e maior em dimensões, que acomodam um tweeter de 19mm e um mid-woofer de 75mm, para destaque dos graves.
"Este lançamento complementa a linha Nest e dá aos nossos consumidores a possibilidade ter um aparelho ideal para quem busca potência de som e entretenimento", disse, em nota, Vinicius Dib, diretor de dispositivos do Google na América Latina.
Feito com 70% de plástico reciclado, o Nest Audio chega em duas cores, giz e carvão, e conta com ajustes de volume por toque no topo do aparelho, além do botão de "play/pause". Claro, há também a possibilidade de comandar o dispositivo por voz e integrar outros aparelhos de casa inteligente, como lâmpadas e adaptadores de tomada de marcas como Positivo, Multilaser, TCL, iRobot, LG e Sony.
O Google começou a disponibilizar inteligência em alto-falantes no país de maneira tímida, inicialmente em uma parceria com a fabricante JBL, e integrando o Google Assistente aos aparelhos da companhia. Depois, decidiu por trazer o Nest Mini e agora continua a aposta com o Nest Audio.
Nesse ínterim, houve uma evolução do mercado e adoção pelos brasileiros da tecnologia de inteligência artificial acionada por voz. Uma pesquisa divulgada no ano passado pela consultoria de análise de dados Ilumeo aponta que a funcionalidade já é presente e conhecida na vida dos brasileiros: dentre os consultados 92% dizem possuir algum conhecimento da tecnologia e 48% faz uso de assistentes pessoas ao menos uma vez por semana.
Durante o período, a Amazon, que produz os dispositivos Echo e a inteligência Alexa, também aumentou a aposta no país, trazendo para cá os recém-lançados dispositivos nos EUA e atualizando a oferta no país. No site da gigante no Brasil é possível encontrar sete modelos de alto-falantes inteligentes, incluindo o Echo Studio, que também oferece suporte a áudio de alta fidelidade.
Alto-falantes inteligentes: assistentes ou espiões de voz?
No momento de adquirir um alto-falante inteligente, os usuários são obrigados a escolher entre diversos softwares, assim como acontece com os aparelhos celulares e os sistemas operacionais iOS e Android. No momento: Alexa, da Amazon, ou Google Assistant, da gigante de pesquisas. E parece que isso não vai mudar tão cedo. Essas empresas estão trabalhando na unificação de diversos protocolos domóticos no Project Connected Home over IP. Seu objetivo é “aumentar a compatibilidade entre os produtos para as smart homes, tendo a segurança como princípio fundamental do projeto”, explicam no site. Uma etapa necessária para se consolidar nas residências e avançar para outros ambientes.
O potencial desses dispositivos é enorme. “Seria possível instalar um alto-falante em cada cômodo de uma casa ou hotel, cada escritório de um prédio, cada sala de aula em uma escola, ou cada quarto de um hospital”, assinala um relatório da Deloitte.
Além disso, os fabricantes de carros também estão agregando a compatibilidade com os assistentes de voz mais populares.
O alto-falante inteligente finalmente tem um app incrível para negócios
O espaço para os alto-falantes inteligentes é um dos mais inovadores e ágeis do setor. Os números de vendas são impressionantes, mas muito pouco do crescimento do mercado é impulsionado pelos usuários do setor corporativo. As empresas não embarcaram porque não havia um app incrível, algo tão útil que motivasse as empresas a comprar o hardware que o execute.
Mas penso que isso está prestes a mudar. Um potencial e tremendo app está em cena, algo que pode ter um efeito sobre o mercado de caixas de som inteligentes, semelhante ao que as planilhas tiveram em impulsionar a revolução dos PCs nos anos 1980.
Falarei sobre esse aplicativo mais tarde, mas primeiro vamos rever onde está esse mercado agora.
Não há uma escassez de aplicativos, com certeza. A Amazon, líder do setor, possui 80.000 aplicativos para sua plataforma Alexa, que tem quatro anos de existência, impulsionada em grande parte pela sua linha de alto-falantes inteligentes Echo e pelos extensos programas com desenvolvedores e hardware de terceiros .
E o mercado está crescendo rapidamente. A linha Echo da Amazon domina, com mais de 40 milhões de usuários, em comparação com os 16 milhões de usuários do Google Home nos EUA, mas o Home está crescendo mais rapidamente. A plataforma do Google ganhou 7,2 milhões de novos usuários nos EUA em 2018, 600.000 a mais do que a Amazon Echo ganhou.
As caixas de som inteligentes estão prontas para chegar ao grande público, com 66,4 milhões de dispositivos do tipo vendidos nos EUA e 133 milhões em todo o mundo em 2018. Cerca de 40% dos proprietários de speakers inteligentes dizem ter mais de um aparelho como esse.
A Amazon possui menos de dois terços do mercado e essa parcela está caindo, enquanto o Google Home está crescendo e já se aproximando de um quarto do mercado
Os usuários parecem tirar mais proveito do Google Home do que do Amazon Echo. A empresa de pesqusias Kantar Worldpanel descobriu que os proprietários do Google Home são mais ativos do que as pessoas que possuem o Amazon Echo, e também mudam mais o comportamento quando acessam um dispositivo Google Home — por exemplo, ouvem mais música do que antes e usam menos laptops e PCs depois que compram um dispositivo Google Home.
O alto-falante inteligente HomePod, da Apple, flutua em torno de 6% do mercado. A empresa reduziu o preço do HomePod para $ 299 dólares recentemente. (É improvável que faça alguma diferença, pois muitos outros produtos da categoria são muito mais baratos e recebem grandes descontos. Ao escrever este artigo, encontrei dezenas de grandes descontos e promoções. A Amazon e o Google até oferecem, em promoção, speakers inteligentes gratuitos. Por exemplo, os usuários do Reino Unido, que se inscreveram no plano familiar do Spotify, adquiriram recentemente um dispositivo Google Home Mini gratuitamente.)
Enquanto a Amazon e o Google vendem dispositivos, o mercado que mais cresce está no mundo dos dispositivos de terceiros que suportam o Alexa ou o Google Assistente. Os fabricantes de componentes estão começando a ajudar a alimentar a tendência. A Qualcomm revelou no mês passado os seus chips QCS400 para alimentar alto-falantes inteligentes. Eles são otimizados para receber áudio de voz, mesmo em uma sala barulhenta enquanto o som está sendo reproduzido.
E há muita inovação no segmento dos alto-falantes inteligentes.
O Google WiFi é um roteador mesh residencial. Quando era apenas um mero boato na imprensa de tecnologia, especulava-se que o produto combinaria a funcionalidade do roteador Wi-Fi com os recursos do assistente virtual. Agora, o Orbi Voice da Netgear é exatamente isso: um roteador Wi-Fi mesh que também é um speaker inteligente com assistente virtual que executa a assistente virtual Alexa, da Amazon
Na verdade, a Alexa e o Google Assistante estão aparecendo em todos os lugares, ao que parece, incluindo fornos de microondas, comedouros de animais de estimação, monitores de bebês, ventiladores de teto, capacetes para motociclistas – e até mesmo sanitários.
Brincadeira. Mas a verdade é que os assistentes virtuais e os auto-falantes inteligentes não serão verdadeiramente comuns até que sejam onipresentes no local de trabalho.
O mercado dos alto-falantes inteligentes corporativos
Eu disse anteriormente neste espaço que não apenas a tecnologia da voz remodelaria os negócios, mas que o seu próximo telefone comercial seria um Amazon Echo. E eu acredito que essas previsões estão no caminho certo.
A Plantronics anunciou no mês passado suporte para o Amazon Chime e o Alexa for Business em sua linha telefônica de conferência Trio. (O Amazon Chime é um serviço em nuvem que permite fazer chamadas internamente para uma organização e pela Internet).
Os headsets Plantronics Voyager 4200 UC agora também têm suporte integrado a Alexa, de acordo com a empresa. A Plantronics é uma das principais fabricantes de equipamentos para telefones empresariais e está apostando no apoio ao Alexa. (Acredito que o suporte do Assistente do Google está chegando em breve).
Deixando de lado o suporte de hardware de terceiros, o que de fato impulsionará a adoção maciça de speakers inteligentes nos negócios – e o impulsionará para o uso comum como o PC ou o smartphone – será um incrível app.
E acho que finalmente teremos um.
O incrível app da Alexa: Business Blueprints
A Amazon lançou há pouco tempo o sistema Alexa for Business para criar habilidades em negócios.
O sistema chamado Alexa para Business Blueprints , atualmente disponível apenas nos EUA, permite que as empresas criem habilidades ou aplicativos personalizados sem escrever código. Em vez disso, a Amazon oferece um processo semelhante a um assistente, além de dezenas de modelos pré-configurados, para orientar os funcionários no processo de criação de uma habilidade. Depois que a habilidade é criada, o sistema oferece um processo para aprovação. E uma vez que a habilidade é aceita pelo departamento de TI ou por quem a empresa designar, a habilidade pode ser implementada em toda a empresa.
(Opcionalmente, as habilidades podem ser publicadas no Amazon Skills Store).
Uma habilidade comercial habilitada pelo Blueprint é um conjunto de perguntas e respostas. Ele pode ser usado em, digamos, uma área de recepção para convidados e responder perguntas como “Qual é a senha do convidado?” ou “Onde fica o banheiro?”. E a Amazon já oferece muitos outros tipos de Blueprint.
O lançamento do Business Blueprints foi recebido com um bocejo pela imprensa de tecnologia, que muitas vezes é muito distraída por objetos brilhantes e apresentações deslumbrantes para refletir sobre as implicações de novos produtos e novas categorias de produtos.
Afinal de contas, uma oferta similar chamada Skills Blueprints está disponível há cerca de um ano para os consumidores, e a maioria dos consumidores não sabe ou se importa.
O Business Blueprints é diferente. Ao contrário dos consumidores, que são basicamente indiferentes às muitas ferramentas que existem para criar seus próprios aplicativos, as empresas devem e criarão aplicativos personalizados.
Então, uma plataforma de computação corporativa ou empresarial que permite não apenas desenvolvedores internos, mas também usuários comuns criarem aplicativos que podem ser implantados em toda a empresa? Isso é uma revolução.
E é o mesmo tipo de revolução que as planilhas lançadas décadas atrás no espaço do PC, quando pessoas de negócios comuns podiam fazer repentinamente o que anteriormente apenas contadores ou programadores profissionais podiam fazer — relatórios de negócios sofisticados e uma porção de outras coisas.
Agora, é provável algo semelhante com o Skills Blueprints da Amazon.
Esses apps ou habilidades de recepção que usei no exemplo acima não serão criados ou otimizados por desenvolvedores internos, mas por recepcionistas. Eles farão isso como uma maneira de transferir parte de seu trabalho para o equipamento virtual na recepção.
Todos os departamentos da empresa, desde a base da fábrica até as vendas e o marketing, poderão criar suas próprias habilidades poderosas do assistente virtual para agilizar seu trabalho.
Eu prevejo que essas habilidades personalizadas, mas exclusivas (para cada empresa), levarão a um grande uso, pois elas são inerentemente autopromoção. Os funcionários os ouvirão aos serem usadas. Eles querem usar seus próprios recursos e impulsionar iniciativas para que isso aconteça para seus próprios objetivos e em seus próprios departamentos. Isso, por sua vez, criará exposições adicionais e gerará demanda adicional.
Então, aqui está minha previsão: daqui a dois anos, os alto-falantes inteligentes se espalharão como um incêndio dentro das organizações, alimentados pela capacidade dos funcionários comuns de criar suas próprias habilidades personalizadas.
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