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Expansão das telas: as transformações e o futuro da televisão
Data: 16 de agosto de 2019
– por Marco Ferreira
Do analógico ao digital e, hoje, à internet. A televisão percorreu diferentes caminhos até chegar onde estamos. Descobertas distintas tornaram na como grande fonte de informação nas sociedades. Hoje, com o advento da internet e com o grande aparato tecnológico, a TV vem se esbarrando com grandes desafios e buscando cada vez mais se redescobrir e se reinventar, uma vez que o as plataformas On Demand vêm ganhando mais espaço. Nesse contexto, é importante traçarmos uma linha do tempo para entender como se deu a criação dos primeiros televisores e transmissões, quais são os maiores desafios e, principalmente, qual será o futuro de um dos maiores meios de comunicação do século XX e XXI.
O termo televisão foi criado no ano de 1990, pelo cientista russo Constatin Perskyl e que significa “ver a distância”. Desde então, novas descobertas traçaram o caminho do surgimento da TV. Seguindo uma linha temporal e histórica, ano após ano, houve diversas modificações no aparelho. Em 1920, o engenheiro escocês, John L. Baird montou um dos primeiros modelos de TV, aprimorando a nitidez da imagem e o som. Mais tardiamente, na década de 40, ele criou o primeiro sistema de televisor em cores, o Telechrome.
No ano de 1923, a empresa norte-americana, RCA, passou a produzir o primeiro televisor em escala industrial, denominado Orticon e três anos depois, houve a primeira transmissão televisiva em Londres. Mas, nesse período, ela ainda não havia se popularizado. Foi somente em 1950, após o início da Segunda Guerra Mundial, que a TV começava a ganhar espaço na sociedade. No Brasil, Assis Chateaubrind inaugurava a primeira televisão brasileira, a TV Tupí e em 1956, o país já alcançava 1,5 milhões de televisores espalhados em todo território nacional. Entretanto, o desenvolvimento do meio não parava por aí. Nas décadas de 60 e 90, os EUA liderava na evolução do aparelho com transmissões coloridas e a definição da TV de alta definição (HD-High Definition).
Durante todo esse período e como todo o avanço tecnológica junto à internet, as modificações no meio social começaram a introduzir nas cidades outras novidades, como as transmissões do sinal digital e o televisor interativo ou Smart TV. Assim, novos meios foram tomando espaço e inserindo tecnologias ainda não vistas e, hoje, percebe o impacto disso no meio televisivo tradicional.
Novos meios: a evolução e a reinvenção da TV
É evidente que a TV está evoluindo de acordo com as novas demandas dos usuários. Hoje, seguir a programação já não é mais uma realidade. Em um estudo realizado em 2014 por Greg Philpott e Anish Kattukaran, os pesquisadores identificaram sete dinâmicas que estão modificando por completo a TV tradicional. Entre os quais eles destacam: Entrega, publicidade e usuário. No que se diz respeito a entrega, está pautado o alcance por todas as telas, o streaming de TV na internet e a distribuição televisiva na nuvem. A publicidade, a mensuração, a tecnologia e os programas de anúncios e publicidade endereçável. E por fim, o usuário que, para eles, está mais engajado com os conteúdos.
Para conferir o estudo completo, acesse o link “A Evolução da TV: 7 Dinâmicas que estão transformando a televisão”
Essas dinâmicas mostram que os usuários, estão mais interessados em consumir os conteúdos OTT (Over The Top), via streaming sob demanda, a exemplo da Netflix, Hulu e HBO Go, ao invés de seguir a programação das telas televisivas, dando ainda mais espaço para a TV On Demand e Everywhere. A Netflix, por exemplo, é uma das plataformas mais acessadas no mundo inteiro e possui um catálogo muito amplo e que atende a diversos públicos, por contar com uma consolidação ampla da indústria de produção cultural de filmes, séries e documentários que engajam mais os usuários a assistir.
E é nesse momento, no qual a TV buscou se reinventar. As maiores emissoras brasileiras, como a Globo e SBT, por exemplo, contam com uma plataforma digital na web, a Globo Play e a SBT Vídeos, em que há disponibilizado um “acervo” dos conteúdos produzidos pelos canais. A diferença é que na Globo Play, há cobrança de uma mensalidade, assim como na Netflix, enquanto a SBT Vídeos, o acesso é gratuito. E é nesse ritmo que a TV e o online andam juntos.
Nos últimos anos, com essa forte ascensão da internet e dos smartphones, o consumo da TV Everywhere aumentou mais de 246% ao ano, modificando por completo o modelo de programação e de audiência das TVs. Estudos, revelam que as pessoas preferem assistir vídeos no YouTube e Netflix pelos smartphones ao acompanhar um programa na TV. O Youtube tem um total de 1,325,000,000 utilizadores e 4,950,000,000 de acessos diários e vídeos assistidos. A Netflix, no último trimestre chegou a 139 milhões de assinaturas. Enquanto, o número de TV paga diminuiu 500 mil assinantes em 2018, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações.
O futuro da TV
A web e a TV tendem andar lado a lado para garantir maior acessibilidade aos usuários, alcance, consumo e interação. O cenário televisivo tende, dessa forma, criar novas plataformas digitais para atender as necessidades dos consumidores. Com os mecanismos de interação entre produto e público e as possibilidades de construção de conteúdos com base nos fãs, a TV se reinventa na produção de novos conteúdos, além de modificar sua programação, dando espaço para as múltiplas telas e às tendências: Conectividade e identidade, personalização, mobilização e social TV.
A conectividade do aparelho às redes de internet, e a criação de uma identidade única que poderá ser acessada em qualquer dispositivo. Personalização, permitindo que o usuário possa criar os seus próprios horários e programas do interesse, além de permitir levar a TV onde você for, através de login e senha. E a Social TV, permitindo que os usuários compartilhem ideias e conteúdos nas redes sociais.
A expansão da TV, portanto, se dá em uma era de múltiplas telas em que as pessoas querem assistir o que quiser, quando quiser e a hora que quiser. A era do streaming e do On Demand devem ser seguidos pelas emissoras para contribuir com o crescimento da indústria televisiva e evitar o seu próprio fim.
Grandes nomes da mídia brasileira apontam 9 tendências para o futuro da TV
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Jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 29 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o "Lance!" e a "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Adeus, Controle Remoto" (editora Arquipélago, 2016), "História do Lance! ? Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo? (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011). Contato:
É natural olhar para trás e festejar as muitas glórias alcançadas nestes 70 anos da televisão no Brasil. Mas nunca foi tão necessário olhar para a frente e procurar entender para onde ela está indo.
A televisão vive neste momento a maior transformação em sua história. A revolução digital provocou uma disrupção nos modelos até então vigentes de criação, produção e distribuição de conteúdo.
"É um período de enormes mudanças e a velocidade das mudanças se acelera. Por isso, fica mais difícil fazer projeções num horizonte muito longo", diz Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat por 25 anos. "A gente vive uma transformação radical, isso é indiscutível, mas não há uma definição sobre qual é o modelo que vai prevalecer", observa. "O júri ainda está reunido; não temos clareza", brinca ele.
O UOL reuniu um "júri" de notáveis para debater este assunto - para onde está indo a televisão. Os oito entrevistados apontaram os caminhos que enxergam em suas áreas. Do confronto destas opiniões, resultaram nove tendências, apresentadas abaixo.
O "júri" foi formado por Carlos Henrique Schroder, diretor de criação & produção de conteúdo do Grupo Globo; José Félix, presidente da Claro Brasil; Maria Angela de Jesus, diretora de produções originais da Netflix no Brasil; Felipe Neto, um dos mais importantes youtubers brasileiros; Fabio Porchat, um dos criadores do Porta dos Fundos; Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat entre 1994 e 2019; Letícia Muhana, uma das criadoras dos canais de televisão a cabo GNT, GloboNews e Viva; e Gabriel Priolli, jornalista, crítico de TV e professor de comunicação.
1. A TV aberta está longe do fim
Eis uma profecia muito repetida que ainda não se cumpriu: o fim da TV aberta. Mas será que este dia chegará? Ainda que perceba que "a televisão vai para a internet; já foi e irá cada vez mais", o professor Gabriel Priolli aposta na permanência da TV aberta. Por uma razão política. "Não consigo imaginar que os canais de TV deixem de existir. São uma mídia unidirecional, uma voz emissora falando para milhões de pessoas. O poder precisa desse tipo de ferramenta. A fragmentação e o caos da internet não atendem totalmente às suas necessidades de controle social".
Priolli evoca a série "The Expanse" (Amazon Prime Video), cuja ação se passa no século 23. "Todo o sistema solar foi colonizado. Há holovisão, 'internet das coisas' 50.0, comunicação avançadíssima. E a televisão sobrevive, falando da Terra para todos os planetas. Considero uma aposta muito realista".
Alberto Pecegueiro também vê o fim da TV aberta ainda distante. Ele cita Rupert Murdoch, que vendeu quase todo o seu conglomerado para a Disney, com exceção dos canais Fox, Fox News e Fox Sports nos EUA. "São canais que têm características muito próximas da TV aberta. Ele enxergou que com este formato e com o conteúdo de programação destes três canais, eles continuariam sendo relevantes e continuariam tendo peso suficiente para gerar um negócio lucrativo por muito tempo. E isso está sendo comprovado. Está indo muito bem."
No Brasil, lembra Pecegueiro, ainda há um agravante: "O ritmo do processo no Brasil não é o de mercados mais desenvolvidos, onde a penetração da banda larga é quase total e o hábito da TV aberta já não era tão grande. Aqui você ainda tem que lidar com o hábito, muito arraigado", diz.
Por este motivo, José Félix, presidente da maior operadora de TV por assinatura do país, também enxerga ainda uma longa vida ao modelo atual. "Este modelo que a gente conhece de TV deve durar muitos anos, enriquecido pela interatividade que os recursos de internet propiciam e que só recentemente estão começando a ser explorados pelo pessoal de criação e produção".
Para o youtuber Felipe Neto, é preciso se adaptar para sobreviver. "Para os canais de TV aberta, o caminho mais óbvio é o de criação de plataformas próprias (como a Globo fez com Globoplay) ou integração em plataformas já existentes (como o SBT fez com o Youtube)", diz.
No "BBB18", ao vivo, Paula e Jéssica descobrem que Gleici voltou de um paredão falso Imagem: Reprodução
2. Programação ao vivo é um trunfo
Um dos sinais mais evidentes da vitalidade da TV aberta é o poder de magnetizar plateias com programação ao vivo. Esta vocação da TV para o ao vivo, presente desde o seu nascimento, segue firme, registra Carlos Henrique Schroder, diretor do Grupo Globo
"A experiência do consumo de um conteúdo ao vivo, seja de esporte ou de grandes coberturas de jornalismo, é muito rica. E no Brasil vemos esse fenômeno se repetir de maneira muito interessante no entretenimento, especialmente com os realities e com as novelas", diz o executivo.
Concordo com Schroder que, mesmo disponíveis em outras plataformas, posteriormente, "assistir ao episódio, aos capítulos, às grandes cenas pela primeira vez, ao mesmo tempo em que todo mundo, é uma experiência insubstituível".
Alberto Pecegueiro observa algo semelhante: "A televisão enquanto exibidora de conteúdo gravado, mais frio, teve que se transformar em função de outros modelos de entrega de conteúdos, mas a televisão baseada no conteúdo quente, jornalismo, esporte, ao vivo, ainda tem um papel muito significativo".
3. Fim das barreiras geográficas
Félix destaca uma outra mudança fundamental: "Uma das grandes transformações silenciosas que já aconteceu e é pouco percebida é no modo de distribuição. Muito parecido com o rádio, onde a recepção só era possível na região atingida pela área de cobertura da sua antena, o que se vê hoje é que com a internet as barreiras geográficas foram derrubadas", diz.
"Uma determinada estação de TV passa a ter uma cobertura regional, nacional e até internacional, caso assim deseje. Antes tão fundamentais, os sistemas de transmissão, de um momento para o outro, sem alarde, perderam de forma significativa sua importância", observa o executivo.
4. Modelos mais acessíveis ao consumidor
A revolução digital, ora em curso, afeta frontalmente as operadoras de TV por assinatura. Com perda de assinantes de forma contínua desde 2015, o setor inicialmente atribuiu o problema à crise econômica. E, mais recentemente, começou a citar a migração para o streaming como um problema.
Diz José Félix, CEO da Claro: "Sabe-se que o brasileiro gosta e consome TV, tanto de conteúdo sob demanda, quanto de programação linear na TV por assinatura ou aberta. Assistir seus programas favoritos em diferentes telas, em casa e fora de casa, no horário que preferir, é também um avanço espetacular. O desafio é encontrarmos, junto com as programadoras, novos modelos, que agreguem valor e sejam mais acessíveis para o consumidor. Assim como a TV, seguimos ouvindo o cliente e evoluindo".
Carlos Henrique Schroder também entende que é necessário ouvir as necessidades do espectador. "Temos que oferecer uma combinação entre o melhor conteúdo e a melhor conveniência para que ele defina como e onde quer consumi-lo. Por isso acreditamos em uma oferta multiplataforma, que acompanhe o público em toda a sua jornada".
O youtuber Felipe Neto não enxerga como os canais de TV por assinatura vão sobreviver Imagem: Divulgação "Como diz o Milton Nascimento, todo artista tem que ir onde o povo está. A televisão também", diz Alberto Pecegueiro.
Felipe Neto é mais pessimista. "O problema está nos canais da TV a cabo. Para esses, mantenho o que venho falando há anos: o futuro da TV por assinatura como conhecemos é o encerramento das atividades. Aqueles que conseguirem se adaptar à nova realidade, em que cada pessoa assina exatamente aquilo que quer assistir, conseguirão se manter, como a HBO vem fazendo muito bem", prevê .
A criança hoje tem experiências de consumo de entretenimento sozinha, longe dos pais Imagem: Getty Images/iStockphoto
5. De nichos para indivíduos
Em resposta à TV aberta, que fala para todos os públicos indistintamente, a TV por assinatura procurou atender a nichos de audiência, com canais voltados para públicos específicos (mulheres, crianças, esportes, aventura, culinária etc). Letícia Muhana, que participou da criação de alguns canais da Globosat, enxerga um novo passo provocado pelo streaming. "Esse exercício de fazer conteúdo para nichos acabou sendo absorvido pela própria audiência. E com a ferramenta do streaming, as experiências são muito próprias, de identidade própria. É como se o usuário montasse o seu próprio canal", diz.
"Diferentemente da TV aberta ou da TV por assinatura, hoje a experiência do usuário é uma experiência dele, não é uma experiência de família, de casal, não é uma experiência de pai e mãe com seu filho", acrescenta. "O filho busca a sua experiência do ponto de vista de consumo de entretenimento sozinho. E ele busca o seu conteúdo, ele não busca canal".
Maria Angela de Jesus, da Netflix no Brasil, também vê este mesmo movimento. "Acredito que a televisão vai prosperar à medida que possa atender à crescente vontade das pessoas de controlar totalmente suas experiências de entretenimento. As pessoas querem poder assistir aos seus conteúdos favoritos onde, como e, principalmente, quando quiserem", diz. "O futuro da televisão passa por esse tipo de inovação e pela liberdade que os consumidores querem", diz a diretora do maior serviço de streaming em atividade no país.
6. O conteúdo independe dos meios
"A televisão já não é mais televisão", diz Fabio Porchat, um dos criadores do Porta dos Fundos. "As televisões que a gente tem em casa são caixas que passam conteúdos vindos de todos os lugares. É televisão porque assim se convencionou, mas aquilo que a gente conhecia já não existe mais", diz o comediante.
"O significado da expressão televisão merece ser questionado", concorda Alberto Pecegueiro. "Porque antigamente era o aparelho onde você via as coisas. Depois, talvez, fosse o canal de televisão. Hoje em dia, televisão é uma palavra que para algumas gerações já não faz muito sentido. Durante muito tempo, a gente viveu um protagonismo do canal, do meio. E isso está revertendo muito rapidamente para um protagonismo da mensagem. Conteúdo independente do meio, o que é ótimo", diz.
Felipe Neto expressa algo semelhante: "A primeira grande tendência é o fim do 'zapear'. O novo 'zapear' é navegar nas plataformas para decidir o que assistir, não mais ficar pulando de canal para canal vendo o que está passando ao vivo. A TV deixa de ser o fim para se tornar o meio."
Entre todas as mudanças ocorridas nestes 70 anos, diz Carlos Henrique Schroder, permanece imutável, "em qualquer plataforma, o conteúdo de qualidade, que emociona, informa e contribui para uma sociedade melhor para todos, continua absoluto e é o que conecta o público".
Gregório Duvivier e Fábio Porchat no especial "A Primeira Tentação de Cristo", uma criação do Porta dos Fundos para a Netflix Imagem: Reprodução
7. Mais liberdade para criar
Criando conteúdo para TV por assinatura, serviços de streaming e internet, o Porta dos Fundos sinaliza claramente que a aposta em ousadia e originalidade vale a pena. "Sinto que sem a competição absoluta pela audiência, você consegue ser mais livre para criar novos conteúdos, conteúdos diferentes", diz Fabio Porchat.
"Como o streaming está arriscando com dez produtos ao mesmo tempo, ele pode sentir mais a médio prazo se a coisa funciona. E não mais imediato. A gente consegue fazer um conteúdo com um pouco mais de dedicação e qualidade", avalia. "O avanço da tecnologia, o avanço das plataformas, significam o avanço do conteúdo".
Marinete, mãe de Marielle Franco, em cena do documentário sobre o assassinato da vereadora, lançado pelo Globoplay em 2019 Imagem: divulgação/Globo
8. Não-ficção em alta
Uma das pioneiras da implantação da TV por assinatura no Brasil, Letícia Muhana entende que "independentemente da tecnologia, de hoje ou daqui a alguns anos, a televisão vai trabalhar em cima do interesse de entretenimento e informação do usuário".
E qual é este interesse? Séries de ficção, claro. "A gente tem um futuro brilhante, não só por causa da influência americana, mas também porque estamos na infância ou adolescência da produção de séries no Brasil", prevê.
E séries de não-ficção. "Com o streaming, os documentários ganharam atenção maior, de Netflix e Amazon, seguindo uma tendência incipiente que apareceu no início da TV por assinatura. Hoje você vê documentários da mais alta qualidade sendo consumidos. O conteúdo de não-ficção hoje tem uma atenção e um carinho maior do usuário do que há 30 anos. A gente trabalhou bastante para que esse gênero tivesse aceitação", diz ela.
9. A busca por relevância
Com tantas opções hoje disponíveis ao consumidor, vale observar como a principal empresa brasileira produtora de conteúdo enxerga essa "guerra" por mercado. "O nosso maior desafio é nos mantermos relevantes em meio a tantas - e cada vez mais - opções disponíveis no mercado", diz Schroder.
E um dos traços distintivos que a empresa vê como um trunfo é justamente o fato de ser brasileira: "A Globo oferece ao público uma combinação muito poderosa de uma dramaturgia que reflete brasilidade com qualidade equiparada a das melhores produtoras do mundo", diz o executivo.
Felipe Neto pensa de forma parecida: "É hora de voltar todas as forças para a qualidade de produção daquilo que será oferecido. É hora de criar chamarizes que façam as pessoas decidirem: 'vale a pena assinar isso' ou 'vale a pena parar uma hora do meu dia para ver isso'", diz.
"A Amazon Prime está investindo US$ 1.25 bilhão apenas na criação da série 'Senhor dos Anéis'. Essa é uma das novas realidades do conteúdo e caberá às produções brasileiras decidir se irão tentar competir de alguma forma ou ver o bonde passar e o povo se voltar inteiramente ao conteúdo de outros países", diz o youtuber.
Relembre fatos marcantes dos 70 anos de TV no Brasil
A TV do futuro: A TV tem mesmo algum futuro?
Como a popularidade dos vídeos da Internet afetarão a TV que conhecemos
Todo mundo sabe que o YouTube é um grande sucesso. E hoje, cada vez mais se fala que a Internet vai acabar com a TV. Mas, não é bem assim. A TV do futuro existe sim. Neal Mohan, Chief Product Officer do YouTube, disse em artigo de sua autoria que “no futuro, assistir à TV será uma experiência exclusiva para cada pessoa”.
E, o que ele quer dizer com isso? Primeiramente, vale ressaltar que a TV só tem crescido nas análises de números de execuções de vídeo no YouTube. De acordo com recentes dados do Google Global, as exibições do YouTube em aparelhos de TV cresceram 70%. Isso significa que a tela grande ainda é a paixão das pessoas na hora de consumir conteúdo audiovisual.
Os dispositivos móveis representam também 60% das exibições, mas ao contrário do que muitos previam, a TV continua firme e ainda mais forte, principalmente no chamado horário nobre e aos fins de semana.
Como a TV de massa pode ser personalizada?
Retomando: Como, então, assistir TV, um meio considerado eminentemente de comunicação de massa, vai tornar-se algo personalizado? Segundo Mohan, as pessoas continuam adorando assistir novelas, seriados, telejornais e esportes. O que causou a queda de audiência nas TVs aberta e a cabo é a forma que esses conteúdos são apresentados.
Na realidade, as pessoas querem controlar o acesso àquilo que querem assistir, organizando da maneira que mais gostam. Por que a novela não pode ser assistida junto com o vídeo de um YouTuber?
Na TV do futuro, a ideia central é combinar o melhor conteúdo, que pode tanto ser provindo dos formatos mais tradicionais da TV como da Internet.
E o que a TV do futuro representa para as marcas anunciantes?
Certamente você já deve estar pensando: o que as pessoas querem mesmo é pular os anúncios comerciais. Nada disso. A TV do futuro proporcionará ainda mais oportunidades para marcas e anunciantes. Inclusive, melhores do que as da TV tradicional.
A relação entre os consumidores e as marcas poderá tornar-se ainda mais próxima. O comercial será menos invasivo, massante e mais certeiro. Veja algumas vantagens para os anunciantes na TV do futuro:
1- Alcance mais focado: ao combinar e fracionar o alcance publicitário da TV e dos vídeos da Internet, as marcas podem cobrir melhor sua audiência, de forma mais personalizada do que nunca.
2- Segmentação mais precisa: a TV do futuro vai conseguir segmentar as mensagens publicitárias cada vez melhor. Como o contexto da “massa” se dissolve, as marcas poderão realmente exibir anúncios relevantes para quem assiste a cada conteúdo. As propagandas não precisam mais ser disparadas para todos os membros da família, esperando que o cliente ideal passe pela sala naquela hora. Informações como login e senha já determinam quem estará focado assistindo àquele determinado conteúdo.
3- Medições de audiência mais confiáveis: A TV do futuro trabalhará com métricas de resultados bem mais fiéis. Variáveis vagas como “número de lares atingidos” perderão totalmente a relevância. A TV poderá ser medida como a Internet: será possível saber quem realmente viu o que e foi exposto a qual mensagem publicitária.
Então, se você tem uma marca, prepare-se: a TV do futuro é uma realidade onde mais e mais anunciantes poderão estar presentes. O monopólio dos anúncios de TV apenas para grandes marcas vai acabar. Seu produto poderá alcançar o público da tela grande como nunca. E, não perca o próximo episódio, ops…post, aqui no blog da Control F5.
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