O que esperar da TV do futuro?

A primeira transmissão de um programa de TV no Brasil completa sessenta anos neste sábado. Em suas seis décadas de história no País, a televisão conquistou um papel muito importante. Durante a Ditadura Militar, ela foi vista como instrumento de integração nacional. Afinal, nada melhor do que uma tela em cada domicílio para dizer às pessoas como o País ia bem. Hoje, a telinha mostra seu poder ao marcar presença em 95% das casas. "Costumamos dizer que quem não tem um aparelho é por causa de religião ou extrema pobreza mesmo", diz Ethevaldo Siqueira, consultor jornalista, especialista em novas tecnologias.

Apple TV

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Tecnologia

Para o consultor, as tecnologias que começam a despontar no mercado hoje, vão estar mais estabelecidas daqui a 10 anos e serão presentes em muito mais casas. "A TV 3D, que está despontando agora, vai estar mais amadurecida e iremos assistir sem óculos. Hoje já podemos, mas a qualidade não é satisfatória".

Ele estima que na década seguinte cerca de 30% das casas de países desenvolvidos já contarão com TV 3D. No Brasil, o número deve chegar perto dos 15%. Uma das maiores barreiras para a popularização de tecnologia ainda é o preço. "Apesar do preço estar começando a cair, o Brasil coloca de 70 a 80% de impostos nesses produtos, que ainda são importados", afirmou.

Outro problema, que deve ser minimizado com o passar do tempo, é a falta de conteúdo adequado. "Temos de 50 a 100 games 3D aqui e Hollywood deve lançar cerca de 150 títulos para este formato este ano", diz.

O OLED, o LED orgânico, também deve ganhar mais espaço no mercado num futuro próximo e tornar-se dominante pela qualidade superior das imagens, flexibilidade e resistência do material. "Ele vai substituir até pequenas telas, celulares, relógios, equipamentos portáteis, desktops. O desenvolvimento já está pronto, o que não temos é capacidade de competição nos custos". A Sony pode lançar um pequeno televisor OLED de 11 polegadas no Japão até o fim deste ano.

Num prazo mais longo, outra tecnologia de tela que deve tornar-se padrão é o laser. "Existe em laboratório, já foram feitas demonstrações e a Mitsubishi já pesquisa o material. Estão conseguindo produzir os diodos de laser com um custo muito baixo e consumo de energia reduzido. E a qualidade do processo de iluminação é excelente, a tela não perde contraste nem com muita luz externa", diz Siqueira.

A TV grande que funciona como um móvel no meio da sala ainda deve permanecer por um bom tempo nos lares. Mas os dispositivos móveis ganham espaço neste mercado. Assistir TV da telinha do smartphone será cada vez mais comum.

Dentro da caixa

Para o consultor, a TV paga é uma tendência no mundo. Aqui ela também cresce: só em 2010 a TV por assinatura acumula crescimento de 15%, de acordo com a Anatel. Temos cerca de 10 milhões de domicílios com TV paga, mas a aberta atinge 55 milhões de lares. "O domínio da TV aberta no Brasil é uma exceção, ainda continuará assim por 10 ou 15 anos. É uma paixão nacional, muito mais do que futebol e cerveja", afirma Etevaldo.

Mas a qualidade do conteúdo da programação paga deve estimular sua adoção nos próximos anos. "A tendência mundial é reduzir aberta em favor da TV a cabo. Nos EUA, a grande maioria assiste TV por assinatura".

Outro caminho para o conteúdo é ficar menos preso aos programas tradicionais que temos hoje e tornar-se mais semelhante à internet. O espectador será mais poderá escolher o que vai ver quando quiser.

O futuro hoje

Confira inovações na maneira de ver TV que já estão por aí

Google TV

O receptor de TV deve começar a ser vendido antes do final deste ano nos Estados Unidos. Combina TV tradicional, internet e DVD. O espectador poderá fazer buscas por programas da televisão tradicional e gravar programações. Ele ainda conta com um navegador de internet, assim, tudo o que está na rede pode fazer parte de sua TV. Com o recurso vai dar para saber o que as pessoas estão dizendo sobre o que você assiste, acessar suas músicas, jogos e baixar aplicativos Android.

Apple TV

O novo receptor de TV da Apple, que começará a ser vendido no fim de setembro nos Estados Unidos, ganhou redução no tamanho e no preço, sairá por US$ 99. Para baratear os custos, o espectador pode alugar filmes e programas de TV e ainda assistir o conteúdo Netflix Instant Streaming, YouTube, Flickr e Mobile Me. Os longa metragens saem por US$ 4,99 e os seriados, por US$ 0,99 o episódio.

YouTube Live

O site já mudou a maneira como nos relacionamos com vídeos na web. Agora começa a investir na exibição de conteúdos ao vivo, como fazem o Ustream e o Livestream. Já fez algumas experiências transmitindo eventos ao vivo e o serviço já funciona para alguns parceiros do site. Poderá ampliar seu serviço em breve para atuar junto com a Google TV.

Qual o futuro da TV aberta e fechada com a efervescência do streaming? - Heloisa Tolipan

De acordo com a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), a TV paga perdeu mais de um milhão de assinantes entre maio de 2020 e maio de 2021, um fato que faz acender o alerta para gestores de televisão

Publicado em 15/08/2021 | Por Heloisa Tolipan

Enquanto nos surpreendemos com a saída de Fausto Silva da TV Globo, após 32 anos, e sua ida para a Band, sacramentando uma mudança no hábito dominical na vida de milhões de brasileiros, e vimos o retorno de Pedro Bial às gravações presenciais do seu programa depois de um ano e meio fazendo entrevistas online por conta da pandemia, a indagação do momento é: como ficará a TV aberta no Brasil daqui a alguns anos em termos de consumo?

Diante da pandemia, o streaming nunca teve tanta força para a vida de milhões de pessoas como forma de amenizar as crises de ansiedade e as ociosidades caseiras. O que é fato: ele veio pra ficar e vai se fortalecer mais ainda, chegando ao ponto de “roubar” público da televisão tradicional.

Francisco Malta, escritor, professor, roteirista de cinema e TV, afirma que sempre analisa os meios de comunicação como um processo de evolução natural da própria comunicação. “Ao longo do tempo, esse processo já era esperado. Logo, a nova geração é uma geração mais digital, que está procurando produtos mais interativos, não sendo mais aquela geração que vai ficar sentada no sofá esperando chegar o capítulo da novela, pois o streaming dá esse poder: você faz o seu horário que você quiser e assiste da forma como quiser”.

Evidentemente não é só a TV aberta que vêm perdendo público nos últimos anos. A TV fechada, que há quase 20 anos era considerada um produto destinado a pessoas com mais condições financeiras, e se popularizou no decorrer do tempo, está seguindo o mesmo caminho. De acordo com a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), a TV paga perdeu mais de um milhão de assinantes entre maio de 2020 e maio de 2021, um fato que faz acender o alerta para gestores de televisão.

Não é por acaso que o Grupo Globo criou o seu canal exclusivo de streaming, visando fortalecer a sua marca e estar sempre presente no mercado publicitário. O Globoplay está cada vez mais forte, explorando a programação atual da TV Globo e, sobretudo, criando conteúdos exclusivos e disponibilizando programas, novelas e séries que fizeram o maior sucesso na época em que só existia a possibilidade de ver somente uma vez na televisão, ou, para os mais antigos, gravar em fita cassete para assistir depois.

É notório que assistir televisão tradicionalmente é um hábito do brasileiro que vai perdurar por muito tempo ainda, apesar de muitos já possuírem em suas smart’s e celulares filmes e séries que os fazem maratonar em finais de semana. Entretanto, ainda existe o fator “atraso tecnológico” no Brasil.

Como exemplo, podemos relembrar quando o Flamengo comprou briga com o Grupo Globo em julho do ano passado. Na ocasião, com o aval de uma MP presidencial, o time rubro-negro transmitiu a sua partida com o Boa Vista em seus canais exclusivos. A audiência foi excelente, mas, nada comparado com o poder midiático e tradicional da Globo, cuja presença é fortíssima no interior do Brasil.

Um dos mais consagrados diretores de televisão do Brasil, tendo papel fundamental na história da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, já foi questionado inúmeras vezes sobre esta nova forma de consumir televisão. Em uma de suas entrevistas, afirmou que o streaming e internet não “matam” a televisão, e sim, fortalece a audiência das emissoras.

Segundo Francisco Malta, o caminho para as emissoras é o crescimento junto ao streaming. “Não se deve ignorar uma ferramenta muito poderosa que é o smartphone e a aproximação com a linguagem dos games. TikTok, Instagram, YouTube, WhatsApp, são ferramentas de comunicação absolutamente poderosas. Cada vez mais a gente vai buscar fazer com que essas linguagens se coadunam, se comunicando uma com as outras, sem perder as suas principais características”.

Embora a crise sanitária que passamos contribuiu muito para demissões em massa na TV devido à perda de anunciantes e queda em faturamentos publicitários, há de se ter em vista a necessidade dos empresários televisivos em investir nas marcas digitais e tecnológicas de suas empresas, como forma de renovar e rejuvenescer as suas audiências e de se manter firme no mercado e no hábito dos telespectadores.

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Ver televisão é, também, uma experiência familiar. Desde o tempo da televisão a preto e branco e dos dois canais públicos que o programa familiar ao serão passa por ter alguns momentos sentados em frente ao pequeno écran. Hoje em dia, a dimensão dos televisores é bastante superior, tal como o número de canais e funcionalidades disponíveis. O grande desafio é conseguir reunir consenso sobre aquilo que se vai ver em determinado momento. Quando não havia escolha, ela estava feita por defeito. Atualmente, é preciso "negociar" sobre quem comanda a TV.

"No futuro, ver televisão será uma experiência exclusiva para cada pessoa", diz o Chief Product Officer do YouTube, Neal Mohan. Obviamente, o responsável da Google faz uma espécie de apelo àquilo que são os objetivos da empresa a nível mundial. Na verdade, há cerca de 20 anos que se fala da Web TV e só nos últimos anos ela se tornou uma realidade com aquilo que se designou como Netflixização da TV.

Há quem defenda que a televisão será cada vez mais uma experiência personalizada, individual. Mas será que esta estratégia, defendida essencialmente, pelas empresas que apostam na linha da lógica Youtube (porque, afinal, todos gostam de écrãs gigantes), ou a televisão será sempre o ponto de encontro ao serão familiar?

A resposta não é simples e basta olhar para o que sucedeu com o crescimento do negócio dos vídeos vistos no telemóvel ou computador. Cresceu de forma brutal e agora é preciso encontrar novos caminhos. A TV gigante na sala é o alvo.

Apesar das divergências existentes sobre qual o futuro da experiência de TV, todos concordam que os espetadores querem ver as séries ao seu ritmo. Gostam de escolher e voltar atrás neste capítulo é praticamente impossível. Por isso, multiplicam-se os conteúdos; surgem novas séries regularmente; e, neste capítulo, a Netflix deu um empurrão gigante para as grandes produções.

Os espetadores passaram a fazer verdadeiras maratonas para ver (ou rever) todos os episódeos de seguida. Esperar uma semana para ver um novo capítulo de uma série favorita é uma eternidade.

Por isso, além da televisão continuar a ser o local onde se assiste ao jornal da noite, se vê um jogo de futebol, ou acompanha a Fórmula 1, os espetadores querem também poder aceder ao mundo virtual. Querem poder navegar pelo Youtube (aliás, a TV é local onde, de acordo com os dados da Google, o Youtube tem crescido mais), sem as limitações da televisão tradicional.

Mesmo no que respeita aos operadores, que permitem gravar séries, assistir a programas já transmitidos, as exigências dos clientes levam a que haja também uma constante evolução nos serviços prestados.

Serviço mais personalizado

Nas famílias que têm essa possibilidade (e uma vez que os serviços de IPTV permitem ligar múltiplos aparelhos), podem existir diversos televisores em casa ou até quem recorra a aplicações como o MEO GO para ter uma maior privacidade e controlo sobre aquilo que pretende ver ou até agendar gravações de programas. Mas, este paradigma acaba por criar alguma distância entre a família. Está longe do ideal o cenário onde os filhos ficam no quarto a ver os desenhos animados, ou a jogar consola, o pai a ver o futebol e a mãe (aquelas que preferem outro programa) a assistir a um filme noutra televisão. O objetivo de um programa caseiro para um par de horas à noite será ter na TV um ponto de encontro. Assistir a um filme ou uma série é, por si só, toda uma experiência em casal ou família.

Ninguém sabe bem como vai ser a televisão do futuro ou como estaremos a assistir à TV em 2050, mas todos concordam que a personalização é o caminho para onde todos apontam. Especialmente no que respeita aos anunciantes. no entanto, as pessoas também querem ter o poder de escolher entre ver anúncios ou apenas a programação. Este é, de facto, um dos grandes temas que, do ponto de vista de negócio, mais se debate. Como tornar os conteúdos rentáveis se as pessoas desistem da publicidade? A resposta vale milhões.

Para o futuro, existem diversas tecnologias em teste como o recurso a óculos que possibilitam assitir a diferentes programas e/ou canais na mesma televisão. No entanto, todos os testes provam que as pessoas não ficam muito agradadas com esta tecnologia já que a necessidade dos óculos e o recurso a auriculares prejudicam a experiência. Certamente, haverá, num futuro próximo, uma tecnologia que irá contornar este "problema" mas, atualmente, é impossível tornar este sistema de visualização simultânea uma realidade.

Depois, e numa altura em que o 4K ainda não está massificado, já existem experiências ao nível do 8K ou até tecnologias mais avançadas. Mas, até que seja rentável e viável a sua comercialização, ainda vai um grande passo. Até lá, são estas tecnologias futuristas que animam os salões da especialidade onde as marcas apresentam "novidades" com preços de comercialização ao dia de hoje totalmente proibitivos.

Tudo num só aparelho

Hoje em dia, além do ecrãn, é preciso ligar a box, o router, a consola e, nalguns casos, ainda mais alguns aparelhos externos. O futuro, no entanto, será reunir tudo no interior do mesmo aparelho. Afinal, do ponto de vista tecnológico já é possível. Mas, será possível as diversas marcas entendenrem-se com operadores e produtores de consolas?

Além disso, navegar na Internet através da televisão é uma tarefa inglória com uma experiência de utilização muito negativa. Apesar dos ecrãns touch serem viáveis (qualquer criança, hoje em dia, toca na televisão como se estivesse a mexer num smartphone) ter que se deslocar do sofá até ao ecrã para navegar é uma espécie de retocesso ao tempo em que os televisores não tinham controlo remoto. Para os mais novos, sim, esse tempo existiu!

Aqui, o desenvolvimento das tecnologias que permitem interagir com equipamentos através do pensamento apresentam um salto quântico, mas haverá outras como as luvas usadas por Tom Cruise em Minority Report, por exemplo.

O futuro está em aberto e todos os dias são publicadas novas funcionalidades, algumas menos visíveis, que permitem dar mais um passo no caminho daquilo que será a experiência de televisão. Por isso, é muito importante que os espetadores optem por serviços que, além da qualidade, apostem constante inovação.

Vantagens e desvantagens da personalização

A televisão do futuro pode até ser uma incerteza mas ela vai sendo construída também à medida das escolhas de cada espetador. Talvez a personalização seja um modo de ver TV no futuro. Mas, além de individualista, quais as desvantagens de deixar a decisão daquilo que que cada um quer ver nas mãos da Inteligência Artificial?

Obviamente, quando se pensa no tema, todos gostam de poder escolher o que querem ver. Mas, será que se deve eliminar de todo um programa, filme ou série que, apesar de ser visto por alguns milhares de pessoas, não agrada à maioria?

Com este sistema, acabamos por ver eliminados alguns conteúdos e as produções serão também elas canalizadas para os temas mais populares. Por isso, este sistema apresenta algumas desvantagens e poderemos, em última análise, entregar a terceiros a nossa liberdade de escolha.

Além disso, o que irá suceder à indústria de filmes portugueses, por exemplo, que, apesar de terem pouca procura, há quem goste de os ver? Não sendo rentáveis, deixarão de ser apresentados no menu de escolha. Estaremos preparados para ser "conduzidos" por filmes como Wolf Warrier (a versão chinesa de Rambo)?

Ver televisão é muito mais do que apenas assistir a um filme ou uma série. É entretenimento mas também uma forma de comunicação em massa. E cabe a cada um dos telespetadores ajudar a definir o futuro.

Mas, será que vamos mesmo chegar ao ponto em que ver televisão vai ser uma experiência individualista?

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